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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Who am I?(1- Meu pai e meu nome)

Andaram me perguntando quem eu era, porque vim dar (no bom sentido, diga-se de passagem) aqui no mundo virtual e porque me entitulo como Agente 85. Pois bem, senhor Abelhudo, explique-se aos curiosos. Senhor Abelhudo (assim mesmo, com maiúscula) é quem vos fala, ou seja, não se ofenda por merda pouca. Prazer, enxerido, me chamo João Carlos Bravo Abelhudo Brasileiro. Brasileiro,sim. Afinal, quantos de nós, brasileiros, não se mete na vida alheia? E olha que conheço muitos (e muitas) que são assim. Mas, deixemos de palhaçada e vamos ao que lhes interessa.

Numa noite chuvosa de 1958, precisamente na véspera da decisão da Copa da Suécia (aquela que fez Pelé surgir pro mundo), num barraco nalgum canto de São Gonçalo, que não me lembro qual, pois morei em todos, dona Maria Aguiar Ferreira e o senhor José Carlos Bravo Ferreira receberam a tão esperada visita da cegonha. Foi nesse dia que nasci, só não me perguntem a data que nem eu mesmo sei. 'Ora bolas', você deve estar a se perguntar, 'se os sobrenome de seus pais são Aguiar Ferreira e Bravo Ferreira, porque estes não são os seus?' Por puro capricho e sacanagem de meu velho. Dele sim, pois se não fosse ele, eu me chamaria Carlos Augusto Bravo Ferreira (ou Aguiar Ferreira). Mas como minha mãe estava acamada, e ele suspeitava que era corno, decidiu descontar em mim, triste rebento de sua puta.

No dia útil seguinte ao meu nascimento, como era de praxe, o crápula do meu pai tinha que me registrar. Ou ele o fazia, ou minha mãe escorraçava ele de casa. Mas, encarregado de tão ingrata missão, ele decidiu me sacanear. A chegar no cartório de nossa região (Porra, pára de me fazer perguntas estúpidas! Você quer saber demais! Que importância tem pra história saber o cartório em que nasci?), o biltre, ao ser atendido pelo oficial do cartório, realizou o seu intento:

"Qual é o nome que queres dar pro seu filho?"

"Não sei...Alguma sugestão?"

"Não tenho tempo para gracejos, meu senhor. Qual o nome da criança?"

"Hum, vamos ver... João, em homenagem às vítimas do Garrincha; Carlos, pra minha mulher não me encher; Bravo, que é meu sobrenome..."

"Acabou?"

"Não, tem mais dois sobrenomes: Abelhudo, em homenagem à minha sogra; e Brasileiro, pois brasileiros todos somos. Taí: João Carlos Bravo Abelhudo Brasileiro. Esse é o nome."

Ao chegar em casa e olhar minha certidão, minha mãe ficou muito puta (no sentido chulo da coisa, não no literal. Apenas o crápula alegava isso.) e faltou pouco pra não matar ele de porrada. Mas ela, como uma boa mulher suburbana, deu uma chance dele se explicar o porquê dele ter feito aquilo. Quando ele contou a história, ela deixou seu repouso de lado e foi, com o crápula do meu pai a tiracolo de volta pro cartório. Quando lá chegaram, perguntou ao oficial se estava em tempo de reverter aquela situação. Ao ouvir sua resposta negativa, ela deu-lhe um tempo para ele ir até sua casa, retirasse seus pertences e nunca mais voltasse. Ele, que se cagava de medo dela, não pensou duas vezes e obedeceu, pianinho. Mas antes de sair, ouviu-a dizer:

"Que você desconfie de mim, até aceito. Que pense que o filho não é seu, já me revolta. Agora sacanear com o nome do garoto foi a gota d'água!"

"Que que tem de mais em sacanear no nome dele? Ele nunca vai ser ninguém na vida mesmo..."

Filho-da-puta! Que morra no mármore do inferno! Mas bendita seja minha mãe, que proferiu as seguintes palavras:

"Será ninguém se você o motivar a ser ninguém, seu vagabundo. Eu ponho fé que meu filho vai vingar, e vai ser muito conhecido por todo o Brasil, se não pelo mundo. Por isso (agora que vem a parte boa), SAIA DESTA CASA OU EU O MATO!"

Ele, que não ousava bater de frente com minha mãe, saiu tal qual um foguete.

Desde então nunca mais tive notícias de meu pai. Crápula! Biltre! Salafrário! Vagabundo!

Um comentário:

  1. Caro Agente 85, adorei sua crônica, muito divertida, é isso, nossa conversa foi muito prazerosa, esta na forma certa, Parabéns!Linkei seu blogue! Abraços!

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