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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Who am I?(2-Minha mãe e meu padrasto)

Falei muito de meu pai anteriormente, mas você quer saber mesmo é de minha mãe. Pois bem, digo-lhe que ela é um anjo de candura, ao menos se comparada àquele pilantra. Mas ela também não era flor que se cheirasse.

Nascida num morro carioca, acho que em Mangueira, ela era, segundo vovó Maria, uma bela mulata. Se existisse escola de samba como hoje, naquela época, com certeza ela seria uma das passistas principais. E era essa negra de tirar o chapéu, como diz meu chapa Fidel, que espantou meu velho pilantra. Logo, cruzaram-se os olhares e, à primeira vista, se apaixonaram. Vovó, que naquela roda de samba mandava ver, já não simpatizou naquele momento, quando ele foi pedir a mão de mamãe para ela e para o vô Camilo. Mas, aos trancos e barrancos, casaram-se.

Minha mãe ficava uma fera com a vida a dois que levavam. Já não bastava ele ter tirado ela da convivência dos pais, tinha que levar pra morar em São Gonçalo! Tão longe da terra querida que a viu nascer! Ali já começava os embates entre eles. Isso, quem me falou foram os vizinhos e os amigos dele, que não saíam lá de casa. Mas essas brigas sempre acabavam na cama, até que mamãe engravidou e, após nove meses, nasci. Mas o que ela passou com aquele traste só ela e Deus sabem. Ele bebia, jogava, chegava tarde em casa... E mamãe jogada num canto, até que seu Marcos começou a ampará-la. Sim, era de seu Marcos que meu pai tinha ciúme, e era ele que meu pai achava que era meu verdadeiro pai. Pensando bem, tenho muito dele. Será que é verdade?

Cansada desses vacilos de meu pai (o real, não o suspeito) mamãe já estava doida pra meter o pé na bunda dele quando ele chegou em casa com minha certidão e inventando aquela história do cartório. Ali, segundo seu Marcos, mamãe quase morreu do coração. Logo ela, que tinha uma saúde de ferro? Estranho, muito estranho...Desde então seu Marcos se alojou lá em casa. A ele é que realmente tenho como meu pai.

Naqueles tempos difíceis de nossa convivência, seu Marcos segurou as pontas de casa e nos sustentou. Não demorou muito pra que eu ganhasse um irmão, Joaquim Miguel. Seu Marcos, assim como meu pai, gostava dos nomes estranhos, e queria chamar meu irmão de Juscélio Marcolino. Mamãe logo vetou.

"Juscélio Marcolino é um nome tão lindo, Teresa. Por que não ser este?"

"Por que não botar um nome de anjo no menino?"

"Nome de anjo?"

"É! Assim ele estará sob a benção de Deus. E, assim como aos anjos, abençoará a quem cruzar seu caminho."

"Tudo bem, me convenceu. Mas qual nome?"

"Já que você gosta tanto dos nomes compostos, que tal Joaquim Miguel?"

"Tá certo. Gostei do nome."

E assim, acordadas as partes, estava decidido. O nome de meu irmão foi definido em consenso. Por que o meu não foi assim...

Assim era mamãe. Apegada à sua religiosidade, mas brava toda vida. E nunca mais tivemos problemas. Nunca mais, não. Tivemos vários outros problemas, mas essas serão outras histórias.

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